Publicado em 9/10/2009 no Minha Vida – A idade e a dificuldade para engravidar

A vida moderna trouxe uma série de benefícios à mulher, que obteve uma posição e direitos similares ao homem. A entrada no mercado de trabalho e a possibilidade de escolher seu companheiro foram grandes conquistas, mas ocasionaram alguns malefícios. Atualmente o adiamento da maternidade é prática comum. Nossas avós e bisavós usualmente tiveram filhos em idade muito mais precoce que nossas esposas e filhas. Não abordaremos qual grupo foi mais realizado ou feliz. Enfocaremos na facilidade ou dificuldade em obter uma gravidez.

Os óvulos são formados durante a vida fetal das mulheres. Ao nascer, o número total de óvulos já foi determinado, não havendo produção ao longo da vida. Fica claro o processo de envelhecimento ao observarmos a redução de taxas de gravidez a partir dos 35 anos e, principalmente, a partir dos 40 anos.

Ao nascer, o número total de óvulos já foi determinado, não havendo produção ao longo da vida.

A perda da qualidade ovular também se demonstra com aumento das taxas de abortamento e má-formações. Podemos exemplificar com a constatação da taxa de abortamento que até os 35 anos gira por volta de 9%, subindo para 33 ou até 50% acima dos 40 anos. Outro dado que preocupa é o aumento da incidência de Síndrome de Down, que aos 40 anos é por volta de 1% das gestações.

Como ginecologista, é comum me deparar com pacientes acima de 35 anos que ainda não tiveram filhos. Orientá-las sobre o processo de envelhecimento dos óvulos é uma obrigação. É uma tarefa muitas vezes dura, que se não bem conduzida, poderá enfraquecer a relação médico-paciente.

É difícil informar a uma mulher ainda jovem, que seus óvulos podem estar em situação de risco. Sabemos que as situações sociais que englobam uma gravidez são mais complexas que a simples informação médica que o tempo está passando e seus óvulos perdendo qualidade? A pressão e stress nestas mulheres não podem ser subestimados, mas não podemos fugir do assunto.

O adiamento da maternidade e a infertilidade podem se tornar um problema de saúde pública. Campanhas de orientação e estratégias para prevenção, suporte e tratamento da infertilidade são obrigatórias.